28/04/2024 às 20h18min - Atualizada em 28/04/2024 às 20h18min

Brasil retoma produção de insulina depois de duas décadas

Nova fábrica em MG terá capacidade para suprir a demanda nacional e favorecer o acesso ao tratamento de 1,9 milhão de pacientes com diabetes

Ascom / Planalto
Portal Agência Gov
Divulgação / Planalto
Depois de 23 anos o Brasil volta a produzir insulina. Para marcar esta retomada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na última sexta-feira (26/04) da cerimônia de inauguração da planta de produção de insulina da Biomm, em Nova Lima (MG). A produção tem potencial para atender 1,9 milhão de pacientes.
 
Com investimento de R$ 800 milhões, a fábrica tem capacidade para suprir a demanda nacional de insulina e favorecer o acesso dos pacientes com diabetes ao tratamento. O Brasil é um dos países com maior incidência de diabetes no mundo, com 15,7 milhões de pacientes adultos, segundo o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF). A iniciativa é parte da nova estratégia para orientar a produção e a inovação nacional em saúde para atender ao Sistema Único de Saúde (SUS) e para cuidar das pessoas, gerando emprego, renda e investimento no Brasil.
 
Durante o evento, o presidente disse que a fábrica de insulina em Minas Gerais é a primeira de uma série de empreendimentos na área da saúde e defendeu o SUS.


"O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que tem uma coisa extraordinária como o SUS, que tem um poder de dar escala a qualquer empreendimento na área da saúde. Um país soberano precisa de uma indústria nacional forte. Um país soberano precisa, sobretudo na área da saúde, produzir aquilo que falta. A Biomm vai estar no mercado, oferecendo insulina ao nosso SUS a um preço acessível, para que a gente possa distribuir de graça aos brasileiros que sofrem de diabetes”, disse o presidente.

A fábrica terá capacidade para 20 milhões de unidades de carpules (refis) de insulina glargina por ano - e, na sequência, canetas de insulina. Além disso, poderá fabricar 20 milhões de frascos de outros biomedicamentos, como a insulina humana recombinante. A estimativa é de que a unidade, de 12 mil metros quadrados de área construída, gere 300 empregos diretos e 1.200 indiretos.
 
Lucas Galastri, vice-presidente da Associação de Diabetes Juvenil, destacou o investimento realizado: “O Brasil é um país gigantesco, e a gente tem que investir sempre na questão de tecnologia. Agora acredito que a gente vá conseguir distribuir essa insulina para não faltar para todo o território nacional. Esse é o meu sonho, e aposto que o sonho de todas as pessoas com diabetes”.
 
Fiocruz
 
Durante o evento, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Biomm assinaram um protocolo de intenções para desenvolver um programa de cooperação mútua, voltado para plataformas de produção de medicamentos para o tratamento de doenças metabólicas. O objetivo é desenvolver projetos alinhados com políticas que busquem o fortalecimento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde e maior autonomia do Brasil na produção de medicamentos para o SUS.
 
Complexo Econômico-Industrial
 
A Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), lançada pelo Governo Federal em setembro de 2023, tem como objetivo expandir a produção nacional de itens prioritários para o SUS, reduzir a dependência do Brasil de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde estrangeiros e assinala o compromisso com as demandas da sociedade brasileira, integrando uma nova proposta de industrialização do país, voltada à inclusão de todas as pessoas, com sustentabilidade social e ambiental e geração de emprego e renda.
 
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou a estratégia: "Para ter uma política de ciência e tecnologia em saúde que leve os produtos à população, temos que ter uma política industrial. E isso é que marca esse conjunto de parcerias. Com a nova estratégia, nós temos certeza de que vamos avançar juntos com tantos outros empreendimentos públicos e privados. Para isso precisamos fortalecer o Estado e sua capacidade de políticas públicas".
 
O SUS oferece medicamentos de forma gratuita para tratar o diabetes no Brasil e todas as insulinas do SUS são financiadas com recursos federais.
 
No âmbito do CEIS, foi lançada a Matriz de Desafios Produtivos e Tecnológicos em Saúde, que é composta pelos desafios no setor e soluções produtivas e tecnológicas apresentadas em blocos. Uma das prioridades do SUS na matriz é o diabetes, e há uma série de soluções produtivas e tecnológicas sendo implementadas:
 
- Plataforma produtiva para insumos e produtos de base química destinada ao desenvolvimento e produção de insulinas e seus análogos;
 
- Plataforma produtiva de inteligência artificial (destinada ao desenvolvimento e produção local de tecnologias de informação e conectividade para o monitoramento da diabetes);
 
- Plataforma produtiva para testes diagnósticos in vitro (destinadas ao desenvolvimento e produção de testes diagnósticos e dispositivos médicos para tratamento de úlceras no pé diabético);
 
- Plataforma produtiva para dispositivos médicos e biomateriais.
 
O papel do investimento público no estímulo à inovação foi destacado pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. A ministra citou que das 11 chamadas públicas do Programa Mais Inovação, que prevê R$ 66 bilhões de investimentos em projetos de inovação das empresas até 2026, dois são da área de saúde e biotecnologia.
 
Segundo Luciana, R$ 250 milhões estão sendo investidos para empresas nacionais desenvolverem projetos inovadores de risco tecnológico na área da saúde e outros R$ 250 milhões para Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) em projetos no setor. “Estamos vendo a ciência e tecnologia de ponta sendo usada para cuidar das pessoas e desenvolver o nosso país”, afirmou Luciana.
 
A farmacêutica Biomm obteve R$ 203 milhões de crédito (Finep, BNDES E BDMG), além de R$ 133 milhões aportados via equity (BNDES e BDMG) para implantar a Unidade Industrial Biofarmacêutica em Nova Lima (MG).
 
A Biomm é considerada uma pioneira no setor de biomedicamentos no Brasil e está inserida na estratégia do Complexo Econômico-industrial da Saúde. A empresa participa do Programa de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde. A parceria visa a autossuficiência na produção e o acesso ao tratamento em todo o país. A companhia é 100% nacional, fundada em 2001 e atua na oferta de fármacos acessíveis para o tratamento de doenças crônicas no país.
 

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